Sair do olho do furação para ter noção do tamanho da tempestade
Recentemente passei 2 semanas em Águas Claras, no Distrito Federal. O principal objetivo desse movimento foi passar um tempo no estúdio de tatuagem de um grande amigo, Paulo Amaro, para aprender a tatuar. Mantive minha rotina de trabalho normalmente, mas estar em outro lugar me fez enxergar coisas que, no dia a dia, acabam virando paisagem. Não lembro se li isso em algum lugar, mas costumo dizer que a gente só tem noção do tamanho da tempestade quando não estamos no olho do furacão. É importante se distanciar da bagunça para poder organizá-la. Essa desordem pode ser várias coisas: um relacionamento, o trabalho, a nossa própria cabeça, e por aí vai. O que não faltam são coisas que precisam ser colocadas em ordem, não é mesmo? Acho que essa viagem foi isso: olhar pra essa tempestade de uma certa distância.
Nos últimos 2 anos, tenho me questionado se continuo ou não vivendo em São Paulo. Vivo numa relação de amor e ódio com essa cidade há quase 10 anos. Às vezes ela é tempo bom, mas também pode ser nuvem escura. Me proporciona tudo que eu posso sonhar, mas há um custo alto por isso. Confesso que tenho odiado mais esse inferno lugar nos últimos meses, e busco entender como melhorar nossa relação. O que eu faço para melhorar esse convívio? É a cidade? Sou eu? Onde está meu abrigo quando me vejo num temporal? O que falta?
Passar duas semanas longe me fez redescobrir coisas que amo independente do lugar que eu esteja. As relações de afeto, os amigos, os encontros, os passeios nos museus, o passar despercebido na multidão, os acontecimentos que eu tive a sorte de presenciar no momento em que eles aconteceram.

Eu ainda não sei por quanto tempo continuarei vivendo em São Paulo, mas passar um período fora, me fez ver que, talvez, essa cidade seja somente uma garoa constante, e não um furacão. É vendaval, mas tem um tico de sol também. E eu posso sempre carregar um guarda-chuva pra me abrigar e atravessar as enxurradas.
Quantas tempestades você já enfrentou sem ter pensado no seu real tamanho? E o que você faz pra lidar com o caos climático que acontece na sua cabeça?
Pra gente se inspirar
Willian Turner foi um dos principais paisagistas do século XIX. É famoso por suas paisagens impressionantes e atmosféricas, em que a luz e a cor desempenham papéis centrais. Sua técnica criou obras que transcendem o realismo tradicional, abraçando a emoção e a subjetividade. A principal temática de suas obras foi o poder da natureza sobre o ser humano. Fenômenos naturais, catástrofes, a força e a fúria da natureza são constantes em suas obras. O clima da cena sempre impacta mais do que a situação em si.
Pra gente se conectar
O livro Copo Vazio, da Natalia Timerman, sobre perda, amor e abandono.
“Ar quente vai subir, ar frio vai descer.” Jaloo canta como acontece a chuva.
Vai chover desilusão em Tempestade Emocional, por Marcelo Jeneci.
"Quando a maré tá baixa, eu me recolho", por Amanda Magalhães, sobre como juntar caquinhos.
E é claro, se chover, não se esqueça que… Você pode ficar debaixo do meu guarda-chuva, (não poderia deixar passar essa rs).
Agradecimento especial ao Álefe Gonçalves, que revisou os textos desta publicação com muito carinho.
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Eu li esse texto hoje e to precisando exatamente disso, me distanciar da rotina pra se reencontrar.
Ouvindo Amanda Magalhães aqui pra conhecer 🖤
Tô amando seus textos, amigo!
(E esse livro da Natália Timerman me marcou demais)